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Stone prepara estratégia para aprovar compra da Linx em assembleia


Falta um mês para a assembleia da Linx que vai avaliar a proposta de aquisição da Stone, por 6,28 bilhões de reais, e foi dada definitivamente a largada em busca dos votos para aprovação do negócio. O encontro está marcado para dia 17 de novembro. A Stone prepara uma série de iniciativas para tentar garantir que a operação, que prevê a incorporação da empresa de software, tenha apoio da maioria dos acionistas, segundo fontes a par do tema. Os primeiros movimentos já começam a ser percebido pelos investidores no mercado.


A lista inclui desde um tradicional road show  até possíveis medidas mais ousadas como uma solicitação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a gestora do Itaú não possa votar com mais do que 4,99% do capital da Linx. O argumento? A instituição é dona da rival Rede, a empresa de maquininhas de pagamento do conglomerado financeiro que é parceira comercial da Linx e pode perder esse contrato. Portanto, na visão da Stone, pode ter interesse direto no insucesso da operação. O debate começa a ganhar corpo entre investidores da Linx, que querem saber como tudo isso pode afetar o desfecho dessa novela.


O Itaú também é o assessor financeiro da Totvs, que fez proposta concorrente pela Linx, no valor de 6,1 bilhões de reais. A companhia de software fundada por Laércio Cosentino disse estar disposta a partir para estratégias mais hostis para vencer a disputa, diante do que alega ser a falta de independência pelo lado da Linx para avaliar sua oferta. O aumento do preço estaria em análise — justamente o que os investidores da Linx mais querem fomentar. Mas até agora não houve novidade sobre as condições de nenhum dos participantes. Por enquanto, uma guerra sem tiros de ambas as partes.


Vale lembrar que quem detém a participação na Linx são fundos geridos pelo Itaú. Ou seja, não é o banco dono da Rede, mas sim investidores, cotistas das carteiras da Itaú Asset Management — que possui sua própria política de voto e governança. É uma área separada e cujo posicionamento deve seguir o melhor interesse para seus investidores. Nos documentos da proposta da Totvs, o Itaú informa que os fundos da casa detinham, no começo deste mês, 6,6% do capital da Linx e 4% das ações da Totvs.


Também no começo de outubro, a Stone anunciou ter 5,8% do capital da Linx e solicitou ao órgão da concorrência a possibilidade para que possa votar com todas as ações que possui. Esse foi o pedido inicial: respeitar o teto de 4,99%, a menos que órgão libere participação extra. A novidade, conforme o EXAME IN apurou, é que a empresa agora está debruçada sobre a questão do Itaú. A disposição da companhia é respeitar o limite inferior a 5% para a votação apenas se o Itaú também ficar restrito a essa fatia. Do contrário, a Stone poderia avaliar a compra de uma participação na Linx de até 20% (dentro dos limites do estatuto da empresa) e buscar o direito de votar com todas as ações. Por enquanto, porém, nenhuma medida prática foi adota no Cade a respeito do Itaú, o que pode ocorrer nos próximos dias ou semanas.


A xerife


A temporada de busca por votos foi definitivamente inaugurada após a decisão da área técnica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de impedir que o trio de fundadores da Linx  — Nércio Fernandes, Alberto Menache e Alon Dayan — possa votar no encontro. Como o EXAME IN apontou o risco desde o início, a autarquia entendeu que o contrato de não competição oferecido ao trio, um pagamento equivalente a 185 milhões de reais em ações da Stone, pode ser entendido como um benefício particular. A Lei das Sociedades por Ações determina expressamente a proibição do voto nessas circunstâncias. O contrato equivale a um adicional de 20% em relação ao que os sócios terão a direito a receber pela venda de sua participação, que conjuntamente soma 14% da empresa.




 

O conteúdo disposto neste artigo foi originalmente publicado na Exame, sendo toda a responsabilidade, direitos autorais e crédito devido a seus autores.

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