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Investir em empresas sólidas na crise: como fazer uma boa escolha? | André Bona


Quem acompanha informações sobre o mercado financeiro provavelmente já se deparou com especialistas afirmando que existem oportunidades na bolsa de valores durante momentos de crise.


Ainda que ela sofra quedas em um cenário de incertezas, muitos investidores conseguem aproveitar estas movimentações para fazer bons negócios. Mas, como e por que isso acontece? Entender esta lógica é fundamental.


Em essência, a ideia é investir em boas empresas na crise. Particularmente, prefiro sempre investir em empresas sólidas, então esta é uma estratégia que pratico de forma regular. Contudo, em épocas críticas, ela se torna ainda mais importante.


Acompanhe este artigo e descubra como fazer uma boa escolha ao investir em empresas sólidas durante situações de crise e aproveitar as oportunidades que o mercado pode lhe oferecer.


A análise fundamentalista na escolha de ações


A bolsa de valores é muito dinâmica e oferece diversas possibilidades para investidores e especuladores. Há, por exemplo, pessoas que se utilizam da análise técnica para realizar trades e obter resultados com oscilações de preço no curto prazo.


Além deles, existem investidores que focam na escolha de ações para o longo prazo. Dentro do mesmo grupo, pode haver objetivos diferentes, como investir em empresas que estejam em crescimento ou procurar as melhores pagadoras de dividendos.


Todas as escolhas dependem dos objetivos de cada pessoa – e da estratégia que ela adota. Em momentos de crise, os investidores são geralmente convidados a refletir justamente sobre a escolha de empresas sólidas.


Afinal, a proteção do negócio contra resultados muito negativos diante das dificuldades na economia é algo relevante para quem investe. Assim, a solidez e a boa gestão das companhias são fatores que ganham evidência durante momentos de instabilidade.


Em um cenário assim, a análise fundamentalista surge como uma ferramenta importante para descobrir como investir em boas empresas na crise. E o ponto de partida é o questionamento: como identificar bons negócios para comprar ações?


Funcionamento da análise fundamentalista


A primeira questão que você precisa entender é que o intuito da análise fundamentalista é avaliar a qualidade das empresas no longo prazo. Para isso, são utilizados fundamentos ou indicadores: aspectos que apontam para a boa ou má qualidade na gestão e nos resultados do empreendimento.


Por exemplo, alguns dos principais fundamentos dizem respeito aos demonstrativos contábeis. Logo, indicam se a empresa está ou não com saúde financeira para superar períodos críticos e se recuperar em breve.


A análise da saúde organizacional também demonstra se os gestores do negócio têm eficiência para fazer adaptações de modo a enfrentar os obstáculos com maior estabilidade. Em resumo, a análise dos fundamentos permite tirar algumas conclusões sobre o futuro da empresa.


O que avaliar ao investir em empresas na crise?


Agora você já entendeu que é possível encontrar oportunidades na bolsa mesmo durante a crise e que a análise fundamentalista é um recurso útil para escolher as empresas nas quais investir.


Mas, quais fundamentos seriam interessantes para se analisar antes de fazer essa escolha?


A seguir listo alguns indicadores – principalmente financeiros – que merecem atenção especial dos investidores em épocas de queda na bolsa. Acompanhe!


Histórico de lucros


Boa parte da análise que se faz acerca de empresas sólidas é visando tirar conclusões sobre o futuro da companhia. Entretanto, em um momento de crise, pode ficar difícil fazer previsões mais confiáveis, certo?


Por isso, um indicador essencial para avaliar como investir em empresas sólidas durante a crise é o histórico de lucros. Olhando para o passado conseguimos ter informações sobre como o negócio lida com diferentes períodos e desafios.


Nesse sentido, o ideal é considerar um prazo de médio a longo – por exemplo, os últimos 5 ou 10 anos. Procure ver como esteve o lucro da empresa no período. Houve aumento consistente ano a ano ou oscilou bastante?


Ela vem crescendo de maneira sustentável e lidou bem com momentos econômicos mais desafiadores ou é possível perceber certa instabilidade? Dados como esses são muito úteis para a análise fundamentalista.


Índice de liquidez corrente


Outro fator central quando avaliamos empresas em épocas de crise é saber como está o índice de liquidez corrente. Ele diz respeito à relação entre ativos circulantes e passivos circulantes. Ou seja, à capacidade de pagamento da companhia.


O ideal, claro, é que os passivos estejam em menor quantidade. O índice de liquidez é obtido dividindo o valor dos ativos pelos passivos. Empresas que possuem, pelo menos, duas vezes mais ativos do que o valor de suas contas de curto prazo costumam estar em boas condições.


O dado significa que o negócio está se sustentando bem e tem margem de pagamento. Assim, mesmo em caso de quedas de vendas, é possível honrar os custos e se adaptar, saindo melhor da crise no futuro.


Margem EBITDA


A margem EBITDA é outro indicador financeiro importante que demonstra a saúde das contas da empresa. Ela faz referência à lucratividade do negócio, pois representa a divisão dos lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.


Com isso, é possível conhecer o resultado operacional da empresa e a sua capacidade de gerar caixa. De modo geral, as companhias que têm maior margem EBITDA estão mais confortáveis em relação a um período de crise.


Afinal, elas têm margem elevada para tentar compensar possíveis quedas nas receitas. De outro lado, os empreendimentos que já não tinham uma boa margem de lucro terão ainda mais dificuldades de resistir aos prejuízos gerados pela crise.


Ainda sobre o indicador, é importante ter em mente que ele deve ser avaliado junto com o endividamento da empresa. Isso porque, como você viu, a margem EBITDA desconsidera o pagamento de juros.


Preço / Valor Patrimonial por Ação


Por fim, um fundamento interessante para quem deseja investir em empresas sólidas na crise é o P/VPA. Ele faz uma divisão entre o preço atual da ação e o valor patrimônio dela. Isto é, analisa o patrimônio líquido da empresa.


O patrimônio líquido é importante, pois diz respeito aos bens que a companhia tem e que podem ser transformados em dinheiro em caso de necessidade. Contudo, é preciso ficar atento às diferenças – especialmente entre os setores.


Existem empresas cujo patrimônio líquido se mantém mais alto porque sua área de atuação exige muitos materiais e recursos. Por outro lado, há aquelas que não demandam grandes investimentos (por exemplo, empresas do ramo de serviços essenciais).


Assim, na hora de avaliar o P/VPA, vale a pena considerar tal ponto. Além disso, ao comparar os indicadores entre empresas, é importante eleger apenas negócios do mesmo setor, para evitar vieses.


Concluindo


Durante uma crise, existem diversas oportunidades de encontrar boas companhias a preços mais baixos na bolsa de valores. E agora você tem mais elementos para avaliar ações e buscar investir em empresas sólidas nestes momentos – fazendo boas escolhas de investimento.


Mas lembre-se que identificá-las requer esforço. Vale destacar também que nenhum indicador deve ser visto de maneira isolada. Então, considere o conjunto de fundamentos e avalie o maior número de informações possíveis antes de tomar sua decisão.


E, finalmente, não deixe jamais de aprender. Busque conhecimento constante e esteja sempre atento aos aprendizados que podem trazer maior solidez às suas decisões de investimento – não apenas durante os períodos de crise, mas em qualquer outro momento.


Quer continuar seu aprendizado? Então conheça as principais estratégias utilizadas para investir na bolsa de valores!


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O conteúdo disposto neste artigo foi originalmente publicado no blog do BTG Pactual Digital, sendo toda a responsabilidade, direitos autorais e crédito devido a seus autores.

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