top of page

Havan mira IPO de R$ 100 bi com emoção, mas digital ainda no papel



A rede varejista de origem catarinense Havan, cuja fachada costuma vir acompanhada de uma réplica da Estátua da Liberdade, finalmente deu entrada com o pedido de registro para sua oferta pública inicial (IPO) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É a 37ª da lista que se acumula no regulador nesse momento. Embora tenha se ventilado que pretenda estrear avaliada em 100 bilhões de reais, ainda não foi definido o valor do negócio. A operação é uma das mais aguardadas do ano. Mas, se o valor for confirmado, será o primeiro IPO de centena de bilhão já realizado na B3. Tirando Petrobras, Vale e os bancões, três dígitos de bilhão em capitalização é coisa só para Ambev, Weg, B3 e Magazine Luiza entre as 330 empresas da bolsa.


Por enquanto, o que está definido é o plano de obter 5 bilhões de reais para o caixa em uma emissão primária para investir em expansão física, tecnologia e fortalecimento do capital de giro. O fundador, o empresário Luciano Hang, também planeja vender parte de suas ações, mas em quantidade e volume ainda não definidos. É possível que a operação alcance 10 bilhões de reais, o que a tornaria uma das maiores estreias da B3 de 2020 também no valor da oferta. O coordenador líder da emissão é o Itaú BBA e o sindicato de bancos é concorrido: tem XP Investimentos, BTG Pactual, Morgan Stanley, Bank of America, Bradesco BBI, Safra e Santander.


Até o início de 2018, a fama da Havan era restrita ao Sul do país, região de origem e forte presença. Mas, além de conquistar notoriedade pelo feito nos negócios ao duplicar a receita da empresa de tamanho entre o fim de 2017 e o fim de 2019, Hang ganhou projeção nacional com apoio público ao então candidato do PSL Jair Messias Bolsonaro — eleito presidente da república e atualmente sem partido político.


Se o plano da Havan for mesmo estrear valendo quase uma Magalu (150 bilhões de reais no fechamento de quinta-feira), sua avaliação vai equivaler a mais de 130 vezes o lucro líquido de 756 milhões de reais registrado em 2019. Em relação a 2020, a conta é impossível de ser feita porque os números estão afetados pela pandemia e o mesmo vale para 2021. O resultado dos primeiros meses é de 86 milhões de reais, uma queda de 75% em relação ao lucro do primeiro semestre do ano passado.


O desafio é que ser avaliado em 100 bilhões de reais e fazer uma oferta de 10 bilhões equivale a colocar no mercado uma fatia de apenas 10% do capital em circulação — o mínimo exigido pelo Novo Mercado é 25%, mas a bolsa permite exceções.




 

O conteúdo disposto neste artigo foi originalmente publicado na Exame, sendo toda a responsabilidade, direitos autorais e crédito devido a seus autores.

bottom of page