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CSN: por que o mercado tem o coração de pedra para IPO da mineração


Não é porque a CSN anunciou e aprovou em conselho a abertura de capital da CSN Mineração, colocando em marcha uma promessa com mais de uma década de existência, que a operação vai acontecer. Tem muito chão para percorrer até que o IPO da Casa de Pedra, nome da principal mina da siderúrgica e a terceira maior do país, saia do papel. A companhia vai divulgar nessa semana os resultados do terceiro trimestre e há expectativa de que, com o balanço atualizado, possa formalizar o início do processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


Fontes próximas à operação não apostam que o processo avance ainda em 2020. Trata-se de algo para o começo de 2021, e só se os desafios dessa transação forem superados. “Dinheiro grosso mesmo, nesse ano, só quem ainda vai acessar é a Rede D’Or. Ninguém mais desse tamanho”, disseram pessoas próximas ao sindicato da operação, contratado pela siderúrgica. A rede de hospitais da família Moll, a primeira desse ramo na B3, pode fazer a maior estreia de 2020, com uma oferta de 10 bilhões de reais.


A tarefa mais dura do projeto de listagem da CSN Mineração — para que ela ocorra de verdade e não se transforme em um eterno projeto — é alinhar o quanto o controlador da CSN, o empresário Benjamin Steinbruch, acha que o negócio vale e o quanto o mercado está disposto a pagar por ele. O X dessa equação é o desconto de confiança ( ou desconfiança, no caso) dos investidores com o histórico da CSN e de Steinbruch na bolsa, devido a uma coleção de promessas não cumpridas — entre as quais, a própria produção e IPO da mina Casa de Pedra, principal ativo pela alta qualidade do minério. A questão parece quase insuperável uma vez que Steinbruch é, ele próprio, o rei da desconfiança. Vive achando que estão querendo lhe passar a perna.


Há exatos dez anos, em 2010, quando o IPO estava supostamente próximo de ocorrer, a produção de minério estava em quase 31 milhões de toneladas e a expectativa é que cresceria “exponencialmente” ao longo dos próximos anos. Lá se foi uma década e a produção atual está em torno de 34 milhões de toneladas anuais: o exponencial ficou em 10%.


A Casa de Pedra era então uma das potenciais ofertas mais badalada daquele ano que, como agora, tinha o preço do minério de ferro nas alturas. Na época, a estimativa é que o negócio poderia valer perto de 18 bilhões de dólares. Pelo câmbio atual, trata-se de 100 bilhões de reais.



 

O conteúdo disposto neste artigo foi originalmente publicado na Exame, sendo toda a responsabilidade, direitos autorais e crédito devido a seus autores.

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